quinta-feira, 5 de julho de 2007



Homens sensíveis e mulheres fortes



Atualmente muito se fala sobre o advento da revolução tecnológica em ato, o que é em si, e em potência, o que pode vir a ser, resultando da intersecção dessas duas grandezas ato e potência, transformações profundas em nossa sociedade. Seja na inversão de valores, relação interpessoal, forma de pensar, moda, comportamento.



Esse tema é muito amplo, porém irei discorrer a despeito do tema que mais tem me intrigado: A inversão de personalidade que tem ocorrido entre homens e mulheres.



Desde a antiguidade o homem é educado para ser dominador, viril, ser o mantenedor do lar, ser forte (não externar emoções).



As mulheres em contrapartida eram educadas para o serviço do lar, devendo ser submissa ao marido, sensível, delicada, afetuosa, emotiva, romântica. Porém, como estamos em constante evolução e como diz sabiamente a cantora Pitty em sua música, Anacrônico.



“...pare e perceba como seu dia-a-dia mudou.



Mudaram os horários, hábitos, lugares.



Inclusive as pessoas ao redor



São outros rostos, outras vozes.



Interagindo e modificando você



E aí surgem novos valores



Vindos de outras vontades



Alguns caindo por terra



Pra outros poderem crescer”.



Conversando com pessoas, escutando relatos, e ouvindo os ecos do meu silêncio, percebi mudanças de perfis e valores entre homens e mulheres.



Tenho encontrado homens sensíveis, que choram, mandam cartas à amada, dormem abraçados com ursinhos de pelúcia da mesma para matar a saudade e mulheres que arrotam, cospem fogo, literalmente, já não esperam pelos príncipes encantados.



Meu amigo da igreja, Rodrigo de Jesus Braga, não se importa em dizer que faz a sobrancelha (ele mesmo faz e em casa) é um adolescente de extremo bom gosto, muito bonito, apanhado, veste-se muito bem e está sempre perfumado e ainda assim é o cara mais machista que conheço.



Às vezes vou visitar o Rodrigo que gerencia uma das cantinas que sua família possui em uma faculdade aqui de Brasília e quando estou lá com o mesmo, o vejo recebendo cantadas de mulheres de idades que variam de 20 a 35 anos, seria normal se o Rodrigo não tivesse apenas dezesseis anos.



Ao contrário de meu amigo Rodrigo encontra-se meu amigo Márcio da Silva Moura que não faz a sobrancelha, não usa perfume (no máximo desodorante), olha com desconfiança para os homens que o fazem, dizendo que mulheres é que devem andar perfumadas, para ele, é claro!



Em oposição ao Rodrigo e ao Márcio aqui estou eu que não faço sobrancelha, porém uso perfume, shampoo e condicionador de chocolate, amo cozinhar e modéstia parte dizem que o faço muito bem, escrevo poesias, adoro poemas, componho músicas (com o Márcio), sou extremamente romântico, idealizador. Porém possuímos algo em comum, somos homens de alma feminina.



Com essas transformações acaba-se de uma vez com o estigma que é carregado pelas mulheres, “sexo frágil”. Falarei de duas amigas que possuo a primeira, Mariana Mello que é um amor de pessoa, que inúmeras vezes me assusta com arrotos vibrantes quando menos espero, pois ninguém espera que uma mulher arrote.Curte política, questionando e indagando sempre os contrastes de nossa sociedade.



Para finalizar a Letícia Fialho, Lelê ou simplesmente Lê. Uma grande amiga que nada tem a temer, às vezes me assusto com a facilidade com que ela vive e administra os seus problemas, uma garota nada complicada, que leva vida de peito aberto, pois não tem medo de bala perdida.Uma mulher incrivelmente forte, que não tem medo de viver porque na vida se tem alguém que sabe cuspir fogo, esse alguém é ela.



Quando saiu com alguns amigos o que têm ocorrido é que tenho me surpreendido pelo fato de receber cantada e bilhetinhas de algumas garotas, pois isso ainda me choca. Porém as mulheres estão cada vez mais tomando a iniciativa em sair e conquistar. Sinto-me lisonjeado e com o ego incrivelmente alto quando sou abordado por uma mulher, pois elas “deveriam” (segundo a sociedade) esperar em seus castelos a nossa chegada, montados em cavalos brancos. Mas o que tem ocorrido é que elas têm se adiantado, empunhando a chapinha, vestindo suas armaduras, montando seus saltos altos e vindo ao nosso encontro. Os que continuam indo a castelos têm encontrado torres cada vez mais vazias. E assim a vida tem seguido seu curso, com homens sensíveis e mulheres cada vez mais fortes.

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